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Gustavo Aragoni | Tra(u)ma

Um dos propósitos da pesquisa é preparar o local para uma futura reforma que está na fase de captação de recursos

Gustavo Aragoni | Tra(u)ma
Gustavo Aragoni | Tra(u)ma

Horário e local

até 05.11.2021

Ocupação Casarão Brasil

Sobre o evento

O Projeto Ocupação: Casarão Brasil acontece como uma investigação artística em duas salas comerciais do Casarão Brasil, na República, no centro de São Paulo, com o artista visual Gustavo Aragoni, convidado pela Lona Galeria, que é responsável pela gerência do evento.

Pelo período de dois meses, durante 12 de agosto a 08 de outubro de 2021, a partir das suas (con)vivências e contextos de trabalho, o artista criará um tempo-espaço de experimentação e criação contínua, tendo o próprio lugar como suporte e ambientação para suas ações.

Durante esse tempo, poderá haver visitas pontuais para que haja contato direto com o processo de intervenção do artista visual. Ao final da pesquisa, o espaço abrigará uma exposição das instalações, intitulada "Tra(u)ma", em cada sala concebida pelo artista visual Gustavo Aragoni, que acontece entre 09 a 23 de outubro de 2021.

Fases distintas

O projeto é dividido em duas fases. A primeira é externa, onde o artista visual Gustavo Aragoni se desloca pela cidade e nas proximidades do Casarão Brasil, ao acaso, em função das ruas, das pessoas e situações, para coleta de objetos do cotidiano, sobras e lixos. Acontecem registros, em vídeo, fotografia ou desenhos, pela artista visual Clara de Cápua, dos processos de trabalho na rua. A segunda é interna, onde o espaço do casarão será utilizado como local de experimentação, ideias e criações imediatas, em função da relação dos artistas com o lugar.

TRA(U)MA

Gustavo Aragoni

Na mitologia grega, Caos é a mais antiga forma de consciência divina, a partir da qual surgiram todos os outros deuses e o próprio universo. Amorfo e indefinível, tudo o que foi criado a partir dele se deu através de múltiplas divisões disto que era, a um só tempo, tudo e nada, e já continha todos os elementos para que se formasse o Cosmos (que significa ordem). A partir das cisões deste todo indiferenciado é que foram se organizando os planetas, o céu, os mares, os reinos animal, vegetal e mineral, e a humanidade.

A ocupação de Gustavo Aragoni no Casarão guarda, dadas as devidas proporções, certa analogia com este mito. Quando chegou ao local, desocupado há tempos, encontrou aqui elementos abandonados como cadeiras, alguns armários, um vaso de planta ainda com terra. Sem uso, essas coisas se apresentavam como um nada, sem significados definidos. Ao longo de dois meses, o artista imergiu na relação com os objetos e o ambiente numa exploração sem planejamento e, portanto, sem um resultado determinado no horizonte. Outros itens descartados trazidos de derivas pelas ruas próximas chegaram e foram incorporados ao “acervo de interesses sensoriais” de Aragoni.

Essas coletas são randômicas, mas afetivas, quase como se os materiais é que escolhessem o artista. Seu método é intuitivo, tributário da filosofia de Bergson, que propõe que o conhecimento das coisas resulte da experiência no presente, sem a mediação de conceitos e/ou análises. Observar, tocar, amassar, rasgar são assim algumas das ações que surgem neste processo de entendimento das características de cada material e de como ele se aproxima ou se distingue dos outros neste microuniverso. Alguns destes gestos enérgicos de dissecar a matéria evocam a violência de um trauma. Mas então, pouco a pouco, vão sendo tramados desenhos espaciais e agrupamentos compositivos, e o ambiente vai ganhando algum nexo. Mas, atenção: não espere encontrar narrativas lineares ou explicações. O que se apresenta nestes espaços é um vestígio de muitas ações e não um final (melhor seria chamar de intervalo) passível de ser interpretado com os instrumentos usuais da razão. A razão, aliás, quando ameaça intrometer-se na experiência, é rechaçada pelo artista através do procedimento de escrever palavras ou frases de trás para a frente. Mesmo a cidade, que teima em tentar impor seu regramento do tempo com luzes e barulhos, está mantida do lado de fora.

As definições estão abolidas e aqui só existe o agora. Talvez nem seja adequado dizer “aqui” sobre este “não lugar”. Já o “agora”, esta ideia eternamente inapreensível, pode caber nesta proposição de que nada, na verdade, é - tudo está.

Sylvia Werneck

SERVIÇO RÁPIDO

Projeto Ocupação: Casarão Brasil

período: 12/08/21 à 08/10/2021

(segundas às sextas, 7h-22h; e sábados, 7h-13h)

exposição "Tra(u)ma" com instalações de Gustavo Aragoni

abertura: 09/10/2021, 13h-18h

período: 13-23/10/2021

(quarta a sábado, horário agendado. tel 11 99403-0023)

local: Casarão Brasil

rua cel. xavier de toleto, 210, républica, são paulo, sp 01048-000

site: casaraobrasil.org.br

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